intercâmbio sonho passaporte saudade

     Ontem completou duas semanas que cheguei em Cork, na Irlanda. Duas semanas vivendo um sonho (literalmente, pois figurativamente nem tanto, não sempre).
      Duas semanas vivendo pela primeira vez a saudade e entendendo que ela realmente aperta demais, além de sufocar algumas vezes. Saudade de mãe, pai, irmão e cachorros. Saudade de cheiros, abraços, beijos e carinhos. Saudade de toque e afeto. Saudade de rotina, brigas bobas pelo canal de TV e de ter como decisão mais difícil o filme de sexta a noite. Saudade de tudo.
      Duas semanas entendo o real valor da solidão. E percebendo que a solidão, que eu sempre disse amar, era aquela onde eu estava sozinha no meu quarto, mas minha família estava completa ali na sala. Agora que descobri um novo nível de solidão: ter que comer sozinha, rir sozinha, chorar sozinha, decidir sozinha, olhar sozinha, sentir sozinha, fazer sozinha... Acho que não gosto mais dela tanto assim.
      Duas semanas em que eu fiz mais do que fiz na minha vida inteira. Eu nunca quis tanto, senti tanto, ou rezei tanto. Coisas que antes eram difíceis agora deixaram de ser. Vivo diariamente situações novas, com pessoas novas, uma língua nova, medos novos, dúvidas novas, inseguranças novas. Tenho vontades novas, prioridades novas, um jeito novo de ver a vida e dar importância as coisas... Uma Juliana nova.
      Se me contassem que eu ia ter tanta coragem, eu iria rir. Se me dissessem que seria tão difícil, eu iria desistir. Mas se então me mostrassem que, apesar de tudo isso, seria tão maravilhoso, eu iria persistir nessa coisa de sonhar.

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